Por que os millennials não viram adultos? Por que são tão fracos e sensíveis, não aguentam tomar um “não”, nenhuma profissão parece satisfazê-los, frescos, mimados, inseguros, indecisos?
Os millennials são precisamente aquilo que os “adultos” ainda não se tornaram e podem eventualmente se tornar. Ser um millennials é ter uma crise de meia idade aos 18, não aos 45. Ser um millennial é fazer a pergunta “qual o sentido disso tudo?” aos 23, e não aos 57. Ser um millennial é reconhecer os danos e traumas que toda infância nos traz aos 27, não aos 65. É questionar a existência de Deus sem ter sequer acreditado em Deus. É questionar o materialismo sem ter sequer conquistado bens materiais. É questionar a própria identidade sem tê-la formado.
Ser um millennial é desafiador, ainda que estes ditos “adultos” se enfureçam por se tratarem de jovens mimados e abastados em sua maioria, que reclamam de barriga cheia. Essa raiva é fácil para quem não tem o questionamento enquanto crença fundadora. Para quem psicólogo é “coisa de gente fresca”, pois eles tiveram para si uma formação que os millennials reconhecem que traz tanta segurança quanto cegueira e violência. Para quem suicídio é egoísmo, covardia. Para quem retornar a um estágio medieval-vitoriano de pensamento – uma impossibilidade; você não pode “desver” o que viu – é o passo lógico. Acredite em deus-pátria-casa própria, é fácil. Quem dera.
Há algo depois disso, que não se encerre numa confusão e indecisão autodestrutiva. Um modo de ser ainda mais adulto que um millennial. Mas não será pela via das crianças que lhes oferecem as soluções tradicionais. Estas ainda vão ter que passar por toda essa “frescura”.