O rei dos tempos antigos é uma representação da autoridade divina na terra. O divino dá-lhe direitos e deveres. Em tempos mais simples, a nobreza era responsável por ir à batalha, tal qual um leão, cuja responsabilidade no bando é impedir que leões forasteiros matem os filhotes. A razão do direito divino, no entanto, é apenas uma: proteção. Proteção contra a insurreição inevitável que se seguiria caso os plebeus descobrissem que serviam a pessoas iguais a eles.
Toda história sobre o fim da fé é uma história de patricídio ou matricídio.
Nós parecemos incapazes de sentir empatia por aqueles que percebemos como “superiores”. Restam duas opções: torná-los deuses extraterrestres ou representantes da malícia perfeita. Eles não aparentam possuir a complexidade humana que todas as outras pessoas que conhecemos possui.
Obviamente, não há superioridade, apenas humanidade. O que nos urge para o schadenfreude é a fuga da responsabilidade de encararmos nossa própria humanidade. Nossa animalidade e nossa divindade.
Apedrejar outrem em praça pública é mais fácil.