Estou diante do espelho. A imagem sou eu. Quando levanto minha mão esquerda, a imagem levanta a mão direita. Ela tem uma confiança de bêbado.
Um dia, cansado de suas bravatas contra mim, resolvi me livrar da imagem. Tirei o espelho da parede e coloquei-o no chão, para refletir o branco do teto.
No dia seguinte, o espelho estava pendurado na parede de novo, mas não me refletia mais, apenas um branco. O branco do teto.
Ao tentar parar de me ver ao contrário, parei de me ver.
Eu sou a imagem no espelho.