As coisas pequenas são aquelas que dão a sensação de estar em casa. Acumulamos pequenas coisas para nos lembrar de que há um lugar para nós. Uma caminhada na natureza. Uma refeição num restaurante. Uma pequena viagem. Aquele petisco, secundário para ao resto do mundo, primário para a nossa sensação de bem estar. Cada um monta seu cardápio de pequenos prazeres e se torna capaz de coisas terríveis para mantê-lo.
Hoje acordei cedo e descobri que eu não tenho nenhum. Todos os meus pequenos prazeres são excessos ou ameaças ao meu bem estar.
Nesta situação, nada lhe resta senão ter como “pequeno” prazer o fato de que as coisas estão nos conformes. De que o mundo é feito de engrenagens e de que a previsibilidade é possível. De que a desordem e a catástrofe são para os despreparados.
Hoje acordei cedo e me vi de mãos abanando.
Não sei como ter pequenos prazeres. Apenas excessos, deslizes, quebras de protocolo, que devem ser subtraídas do meu banco de horas.
Onde fica minha casa?