Para nós que cremos no tempo linear, imaginamos que, ao fim de nossas vidas, alcançaremos o reino dos céus ou seremos jogados ao fogo do inferno. Há uma forma não religiosa desta crença, que nos diz que nossas ações e decisões nos levarão para o céu da riqueza, saúde, família e amigos ou para o inferno da pobreza, doença e solidão. O caminho para o céu – seja ele o céu dos anjos ou do sucesso – é o mesmo: ajoelhar-se.
Para nós que cremos no tempo circular, imaginamos que esta vida é um produto de uma vida passada, que por sua vez produzirá outra vida. Cada uma das vidas trará os resultados das ações da vida passada, e em cada vida há a possibilidade da libertação. A forma secular desta crença diz que sempre há um novo recomeço, que há tanto juventude como experiência em cada estágio da jornada. O caminho para a libertação é o mesmo: equilibrar-se.
Já para nós que não cremos no tempo, o céu e o inferno, o samsara e o nirvana estão aqui e agora e em todos os momentos. Cada instante ocorre de maneira completa. A forma não secular desta crença diz que cada polo da busca espiritual pode ser invocado segundo a vontade do indivíduo. Não há caminho. Também não há libertação ou redenção.
Eu creio em três tempos: o tempo de se ajoelhar, o tempo de se equilibrar e o tempo de não fazer nada. Cada um é um anjo e um demônio, e cada um deles pode fazer com que coisas boas e ruins aconteçam. Deixo que eles briguem uns com os outros, para que se lembrem de seus limites.