Herdei uma coleção de vasos chineses comprados em leilão com as últimas economias de meus antepassados.
Eles vieram para este país apenas com a roupa do corpo. As dificuldades lhes ensinaram a autorregulação e a seriedade. Foi assim que montaram a loja, que se tornou três lojas, que se tornaram ensino superior para os filhos e netos.
E os vasos.
Enquanto herdeiro das peças, tinha que polir, desempoeirar, avisar a todos os visitantes para que não tocassem nos vasos e observassem o movimento de bolsas e guarda-chuvas.
Numa noite de briga passional, ela me deixou. Com o coração quebrado, quebrei os vasos, atirando-os na parede.
Na escuridão, contemplei os cacos de minha herança e a cama vazia. Sorri.
A desgraça é libertadora.